Estou participando, juntamente com um grupo de artistas, de uma exposição no Museu do Horto Florestal de São Paulo. A exposição vai até o dia 29/9/13.
A “hortus delineatus sp” é uma exposição inusitada: há uma correlação entre as peças produzidas pelos artistas e as peças do acervo do Museu, gerando uma sobreposição bastante interessante, que se acumula em um ambiente imersivo de tremenda potência. Confesso que fiquei surpreso com o resultado final da montagem, pois era uma empreitada de risco: a sobreposição de tantas peças diferentes e a própria ambiência do Museu.
O conjunto é um campo de sobreposições muito rico e variado, mas sempre relacionando-se com a madeira, de um modo ou outro. Ou pelo menos, é assim que me parece… Talvez os colegas artistas pensem de modo diferente…
A exposição vai até 8 de setembro, domingo. Neste sábado, dia 24/8, estarei no Museu do Horto Florestal, acompanhado de mais alguns dos artistas, conduzindo uma visita guiada às obras e ao Museu. Estarei lá à partir das 11hs da manhã. Esperamos todos que queiram ver as peças e conversar sobre a exposição.
Minhas duas peças são estruturas poliédricas de madeira.
A primeira é a “Tetratense”, peça que realizei para o Senac em 2009, que esteve exposta na Bienal de Arquitetura de 2009. Em “hortus delineatus sp” a estrutura está desnudada, são apenas os tetraedros de madeira, conectores e cabos de aço. Gerando um conjunto que dialoga com a massa do edifício do Museu.
A segunda é “Franklin”, realizada com eucalipto utilizado como lenha de queima em restaurantes e pizzarias de São Paulo (comprei as peças de fornecedores de pizzaiolos…). Os pequenos troncos de eucalipto de 60cm de comprimento se articulam em tetraedros, conformando uma instalação bruta, em meio a tantas peças tão bem acabadas. A intenção inicial da obra era a sua queima, mas isso não se encaixou no contexto do museu, por diversos motivos. Mas a queima será feita em outra ocasião. Aguardem…
A “Franklin” é uma peça de grande carga emocional para mim, e a inclusão dela na exposição foi um presente do Renato Hofer, um dos curadores.
Ambas as peças são baseadas em tetraedros tracionados, gerando um padrão tridimensional bastante estável e resistente, apesar da pequena massa empregada. E a textura dessa malha estrutural dialoga conflitantemente com o entorno ortogonal do Museu, e da sua arquitetura, ou com o ambiente natural do Horto Florestal. Exatamente porque não é nenhum, nem outro: a malha tetraédrica expressa um campo formal profundo, cristalino e geométrico — ao mesmo tempo que não é uma forma expressamente artificial, que estaria em harmonia com uma peça arquitetônica tradicional, pois invoca esse campo cristalino que é, em última instância, um campo estrutural presente na natureza.